sexta-feira, 26 de março de 2010

Tourismo


para quê estrangeirismos quando temos óptimas palavras em português? bullying qual quê, tourismo, uma palavra que adapta na perfeição, não fosse o tema assim tão sem sentido como a palavra em si.
Temos a mania de importar tudo o que de mau se aprende la fora, e ainda por cima para definir uma realidade que existe cá há tanto tempo como lá fora.
Então coitadinhos dos meninos que até há cerca de dois anos não tinham qualquer problema nas escolas e de repente deparam-se com um touro, estrangeiro, que para além de ocupar muito espaço na mesa partilhada, não para de se meter com eles. Ele é cornadinhas, come-lhes o lanchinho, gosta de jogar ao jogo da reacção, e do "limpus", da-lhes nas canelas quando estão a jogar a bola... e eles, desgraçados, sem se poderem defender, usam o único meio de justiça que funciona em Portugal: TVI (deve querer dizer Tribunal da Verdadeira Indecência). No primeiro dia vem o Garoto, ainda de cara destapada, dizer "ai e tal, ele deu-me dois cachaços!" mas no dia seguinte, porque o drama é importante na justiça, já se chama "Gabriel", vem com a voz distorcida e a cara desfocada, não vão os que no dia anterior viram a mesma reportagem pensar que é o mesmo garoto...
Agora, e para acabar, reporto ao "mar de rosas" que era quando eu andava no ensino básico. Eram as esperinhas à porta da escola, porrada diária no recreio por causa de quem joga agora no campo de futebol, "manos" a tentar roubar, não o NOKIA 8966 (?), mas os 20 escudos que tínhamos na carteira para uma carteirinha de cromos, e por ai adiante.
Moral da história: aprendia a defender-me, a juntar-me com mais pessoal, porque a força do grupo é sempre maior, ou, na pior das hipóteses, a correr, e acredito que assim se fizeram grandes maratonistas.
Deixem o touro lá no país dele e deixem as crianças crescer, claro que não a apanhar porrada da velha, mas a "fazerem-se à vida", e uns sopapos só ajudam ao fortalecimento dos ossos...

Tenho dito...

P.S.: acho que a imagem é q representa o verdadeiro bullying!!!

sexta-feira, 12 de março de 2010

As filhas da pupa


ontem, e pa confirmar os meus maiores receios, descobri que as borboletas, por mais bonitas que sejam, são todas filhas da pupa. Na altura muito me ri, mas achei que era uma boa metáfora para o que se passa por esse mundo fora. fala-se muito na história do patinho feio que se transformou num lindo cisne, mas e as borboletas, insectos efémeros que passam a maior parte da sua curta vida na forma larvar, como lagartas, e só depois de formarem a pupa e dela emergirem é que explanam toda a sua beleza, apenas com o intuito de se reproduzirem, para logo a seguir a sua luz se apagar e começar tudo de novo, com mais lagartas e mais pupas a formarem-se. Assim, podemos dizer que as coisas mais bonitas são filhas da pupa, pupa essa que muitas vezes é envolvida por um casulo, como nos bichos-da-seda, tão a ver??? e por falar nesses, andam ai as pessoas de "bem" vestidas com grandes farpelas produzidas a partir do cuspe de uma lagarta gorda e nojenta. não é irónico, as coisas mais belas vêm e continuam a vir de simples seres segmentados, que na sua adolescência resolvem cuspir um fio extremamente fino, fio este que reveste a pupa de onde saem depois os bichos adultos, que se limitam a pôr ovos e, a par das borboletas, morrer...

moral da história: aproveitem a adolescência, que depois de adultos, apesar de mais belos e maduros, vamos durar pouco e não passar de uns filhos da pupa que por aí andam...

from caterpillar to butterfly...

Pornografia Intelectual


Da minha vasta experiência no ensino, a maior parte das vezes como discente, mas também algumas vezes como docente, pois ensinar não tem que ser só na sala de aula nem num estabelecimento de ensino, tenho visto muitas vezes algo que pessoalmente abomino: o assédio e a pornografia intelectual.
Nunca gostei de me sobrepor aos meus pares, por isso costumo manter um "low-profile" nas aulas, mas reparo que existem pessoas que passam a vida a assediar os professores com informação, muitas vezes supérflua, que, no entanto, deixa o docente com uma erecção no cérebro que lhe tolda o discernimento normal. Sendo esta uma situação recorrente, passamos à próxima fase, em que já há um relacionamento intelecto-sexual entre os dois, havendo partes da aula em que se comem claramente, passando então ao título deste post, a pornografia intelectual. Assim temos dois seres, não importa o sexo, a penetrarem-se intelectualmente em frente a toda uma turma, despidos de pudores e preconceitos, deixando todos quanto assistem com alguma vontade de participar mas com medo de ficarem irremediavelmente corrompidos por esta orgia de conhecimento, nem sempre útil para a vida académica, quanto mais na vida mundana. E o grande problema é esta relação intelecto-pornográfica se reflectir em melhores classificações finais, nem sempre justas, pois percebe-se bem que o aluno faz as coisas não por si, mas sim apenas e só aquilo que o parceiro, neste caso o docente, quer ouvir, e já o espera da pessoa, substituindo a originalidade e identidade de cada um por um assédio descarado e completamente orientado para a maximização das classificações finais.
Em suma, get a life e não te ponhas a frente das pessoas quando o professor está a mostrar as coisas, não és só tu que queres aprender...

P.S. se isto parece inveja, é porque realmente o é, pois eu também queria, mas nunca fui de lamber botas a ninguém, e não vai ser agora que vou começar, pelo menos na vida académica. e é também um grito algo silencioso para a igualdade de tratamento dos professores em relação aos alunos.

Até à próxima...